Acelerando processos de engenharia com VDI em servidores Cisco UCS

Baseada na plataforma UCS, solução de infraestrutura de desktops virtuais simplificou o desenvolvimento de veículos no Brasil e na América Latina

Quanto pesa um carro? Se você perguntar para um mecânico, ele dirá que um automóvel popular pesa por volta de 1 tonelada. Agora, se a questão for endereçada ao time de projetos de engenharia de uma montadora, a resposta será “mais de 1TB”. Isso porque cada peça precisa ser desenhada, parametrizada, prototipada e testada em softwares de design e tantos outros.

Atualmente, é possível construir e testar cada uma das mais de 5 mil peças que formam um carro inteiro de forma totalmente virtual, com sistemas de Computer Aided Design (CAD) e Product Lifecycle Management (PLM). É possível ainda simular como esses componentes vão funcionar e se relacionar entre si, antecipando eventuais problemas e aumentando a qualidade e o desempenho do produto final.

Trata-se de uma tecnologia robusta que permite melhorar todo o ciclo de desenvolvimento de um veículo e traz ganhos consideráveis para a indústria. As empresas que usam esses programas ganham agilidade no projeto de veículos, mas precisam conviver com o peso dos arquivos digitais, principalmente quando estão em um contexto de grande descentralização do processo produtivo vivenciado pela indústria automotiva.

“Para rodar esses sistemas, precisamos de computadores com alto poder computacional, processadores potentes, quantidade de memória RAM muito maior que uma máquina comum e uma placa de vídeo dedicada”, cita Anderson Tavares Pereira, especialista em TI voltada para a engenharia do produtos.

Há bastante tempo, a indústria automotiva distribuiu suas atividades em plantas próprias ao redor do mundo. Com o processo de criação dos automóveis altamente descentralizado e a integração com terceiros, a rede precisa ser potente para não se transformar em um gargalo.

No caso da Fiat Chrysler Automóveis (FCA), o desenvolvimento do produto tem como ponto focal Betim (Minas Gerais). Mas o desafio da montadora começava quando esses projetos precisavam ser acessados por profissionais de unidades da companhia em Goiana (Pernambuco), em Córdoba (Argentina) ou por fornecedores terceirizados. Ou mesmo se comunicar com plantas de outras regiões na América do Norte, Europa e Ásia, evitando em muitos casos a necessidade de troca massiva de dados de projetos.

Os custos de conectividade para trafegar o os grandes volumes de dados dos projetos de engenharia traziam algumas limitações. Além do preço da comunicação, havia o desafio da performance pois, mesmo com rede de alta velocidade, a manipulação dos arquivos tridimensionais não entregava uma boa experiência aos usuários.

A criticidade já era conhecida de longa data pelo time de engenharia, arquitetura e infraestrutura, que buscava alternativas para resolver o impasse. “Já havíamos testado soluções de virtualização de desktops (VDI, na sigla em inglês), mas com resultados ruins”, conta Cristóvão José Mendes, supervisor de arquitetura e networking da companhia, citando que o principal desafio consistia na capacidade gráfica dos servidores comuns.

Até que em uma conversa com a Cisco, foi apresentada ao time da FCA uma solução de data center capaz de resolver o desafio vivenciado pela montadora. O diferencial dos servidores UCS consistia justamente na possibilidade de virtualizar interfaces gráficas (GPUs) NVIDIA de alta capacidade.

A montadora começou uma prova de conceito, rodando a solução no data center da planta de Betim. Pereira cita um fato curioso capturado durante o piloto, que acabou validando o projeto. O time de engenharia, em algumas situações precisava acessar o ambiente FCA remotamente, a partir do hotel ou escritório de fornecedores, conectando ao projeto via VPN. “Para abrir um conjunto pequeno de dados, demorava cerca de 50 minutos. Quando começamos o POC, eles ficaram bastante surpresos. E agora leva menos de 5 minutos”, compara.

A solução VDI para a FCA tem como foco principal os fornecedores externos, uma vez que simplifica muito o processo de conexão, reduzindo fortemente os custos envolvidos e aumentando a performance e a segurança da informação. “Nos testes realizados com fornecedores externos, tivemos um incremento de performance da ordem de 50% em comparação à utilização do link dedicado ponto a ponto”, acrescenta Pereira.

A iniciativa contou com o apoio da ForceOne, parceira Cisco. A solução baseada em servidores UCS permitiu centralizar o processamento dos sistemas de engenharia no data center da FCA, em Minas Gerais. “Só imagens passam nas pontas. O processamento gráfico, que é pesado, está centralizado no servidor”, comenta o supervisor.

O projeto abriu todo um leque de opções para o time de engenharia da montadora. “Agora podemos ter especialistas produzindo onde quer que estejam”, cita Pereira, pontuando que, atualmente, cerca de 80 funcionários do time utilizam o modelo. Outro ganho está relacionado ao perfil de computadores. Ao invés de uma workstation potente (e, consequentemente, de custo de aquisição e manutenção mais elevados), os projetos agora podem ser abertos em qualquer equipamento. Dessa maneira, o mesmo notebook usado para ler e-mail ou realizar outra tarefa administrativa pode rodar o trabalho de engenharia. “Já abrimos o projeto de um motor inteiro de um carro desenhado no CAD em poucos minutos, rodando em Raspberry Pi”, enfatiza Pereira.

De forma geral, a solução de VDI rodando em servidores Cisco UCS ajudou a FCA a reduzir os gastos com estação de trabalho, licenças de software (que passaram a ser centralizados), bem como diminuíram os gastos com links de internet, além de aumentar a segurança, pois os projetos são acessados via VPN (virtual private network) e ficam protegidos no data center da montadora.

Junto com a flexibilidade entregue ao engenheiro, o projeto trouxe redução de custo, reduziu riscos e garantiu aumento na satisfação dos usuários com relação ao desempenho das aplicações. No fim do dia, a tecnologia acelerou as estratégias e permitiu que a montadora passe a entregar veículos ainda mais atrativos para os clientes apaixonados por carros.

Para abrir um conjunto pequeno de dados, demorávamos cerca de 50 minutos. Agora levamos menos de 5

Cristóvão José Mendes, supervisor de arquitetura e networking, Fiat Chrysler Automóveis