Faculdade Multivix investe em sensoriamento e IoT para reduzir o consumo de energia elétrica

Solução desenvolvida com a tecnologia brasileira Onegrid em parceria com a Cisco permitiu à instituição de ensino cortar quase 30% dos gastos

Ana Júlia foi direto do trabalho para a faculdade. Ela precisava estudar, e chegar bem cedo à sala de aula era uma ótima ideia. Dado o horário, o espaço estaria vazio e ninguém poderia incomodá-la por pelo menos uma hora. Ao entrar na sala de aula, percebeu que outra coisa, além de seus colegas, poderia distraí-la: o calor. Por chegar antes do horário das aulas, ninguém havia ligado o ar-condicionado e o ambiente estava bem abafado. E lá se vai Ana Júlia procurar um funcionário, usando os preciosos minutos em que poderia estar estudando para solucionar este problema.

Se estudasse na Faculdade Multivix, em Cachoeiro de Itapemirim (ES), Ana Júlia (nome fictício) não enfrentaria este desafio. A rede de ensino superior, que conta com oito campi no Espírito Santo e mais de 25 mil alunos, investiu em um projeto de internet das coisas (IoT), com sensores e software, para garantir que seus equipamentos fossem ligados e desligados automaticamente ao identificar a presença ou a ausência de pessoas no ambiente, bem como o agendamento e workflow determinados pelo gestor de infraestrutura.

A princípio, oito salas foram equipadas com o sistema e, aos poucos, o projeto está sendo expandido para as demais salas de aula. “Os estudantes do campus de Cachoeiro do Itapemirim gostaram muito da novidade”, diz Alessandro Ventorin, gerente corporativo de Tecnologia da Informação e Comunicação da Multivix. Mais do que conforto para alunos, professores e funcionários, a solução desenvolvida pela Onegrid em parceria com a Cisco permitiu que a instituição pudesse reduzir o consumo de energia elétrica e, consequentemente, preservando recursos do meio ambiente, algo inerente à cultura da Multivix.

Plano de expansão

O Grupo Multivix busca rotineiramente aperfeiçoar suas estruturas e seus métodos de ensino para que os alunos da instituição possam receber sempre o ensino de excelência e qualidade que é marca registrada da faculdade. Pensando em dar mais um passo para este processo de constante atualização, a Multivix vai inaugurar novas instalações para a unidade do Município de Cachoeiro de Itapemirim.

Esta nova unidade já tem R$ 10 milhões de investimentos em infraestrutura moderna e planejada, e a expectativa é de novos recursos, na ordem de R$ 50 milhões, para os próximos cinco anos. O Grupo Multivix investe no interior do Estado para fortalecer o ensino superior na região e facilitar a chegada da graduação a esses alunos, sem que eles tenham que se deslocar para a capital, o que também fortalece a economia local.

Ventorin conta que o projeto começou em 2017 por sugestão da Onegrid e da Ingram Micro, distribuidor oficial da tecnologia no Brasil. Conversando com o cliente, a revenda parceira da Cisco percebeu o interesse da instituição na gestão de recursos e apresentou a ideia, sugerindo o software Cisco Energy Management (CEM) para que o nível de gestão abrangesse também os ativos de TI (impressoras, servidores, telefones IP, etc.). A integração das soluções foi possível com o apoio do Centro de Inovação da Cisco (COI).

Um ponto muito importante do projeto foi o apoio da direção da faculdade. Além da redução de custos com energia, outro benefício foi a possibilidade de liberar para outras atividades os colaboradores destacados para confirmar o desligamento das máquinas todo fim de noite.

Nosso investimento no sensoriamento e gerenciamento dos equipamentos e salas gerou economia de 29% na conta de energia

Alessandro Ventorin, gerente corporativo de Tecnologia da Informação e Comunicação da Multivix.

Como funciona?

O projeto foi iniciado pelo mapeamento de necessidades de sensoriamento no campus feito pela Onegrid, Cisco e seus parceiros Ingram Micro e N&DC, em uma prova de conceito realizada em três meses. “Já possuíamos alguns sensores em sala de aula”, diz o executivo, segundo o qual outros casos de uso semelhantes foram analisados para se chegar ao melhor custo-benefício.

Foi instalado um conjunto de sensores que medem cinco grandezas para cada sala: presença, temperatura, umidade, luminosidade e consumo de energia. Ao final, o projeto deve contemplar cerca de 60 ambientes sensorizados (salas de aula e administração) e 200 equipamentos.

Ventorin explica que a Iluminação, os circuitos elétricos e o sistema de ar-condicionado, que juntos representam 95% do consumo de uma sala de aula, receberam sensores e enviam dados para a plataforma Onegrid. Esta, por sua vez, repassa os dados ao software CEM da Cisco. A plataforma aciona a iluminação, gerencia a climatização do ambiente e disponibiliza energia elétrica quando identifica a sua ocupação. Assim que detecta a ausência de uso, desfaz todo o processo automaticamente.

A solução é flexível permite, ainda, determinar os horários em que os recursos energéticos podem e devem, ou não, estar em uso. Se alguém quiser usar a sala fora do horário autorizado pela instituição, a alimentação do ambiente pode ser requisitada e autorizada remotamente, em segundos. Dessa forma a instituição tem o controle total do uso dos equipamentos, podendo ou não ser mais austera para aumentar a economia, levando em conta o conforto do usuário final.

A solução opera em nuvem e tem permitido a gestão de energia nos equipamentos da instituição. A previsão agora é que, em até quatro anos, todos os campi sejam sensorizados. Até lá, o projeto da Multivix vai servir de exemplo para os alunos de engenharia de computação do campus de Cachoeiro de Itapemirim (ES) onde os professores debatem com os discentes como a TI pode ajudar na economia de energia - um exemplo de como a tecnologia impacta o ensino tanto na teoria como na prática.