Agosto de 2012 - Diego Anesini
Este documento tem como objetivo demonstrar brevemente, através do desenvolvimento de um caso específico, como o uso da tecnologia da informação e comunicação pode ter um impacto não só na quantidade, mas também a qualidade da educação, sempre que a tecnologia seja concebida como uma ferramenta para facilitar o cumprimento desses propósitos.
O caso mostra como o pensamento e a utilização de técnicas estratégicas podem fazer uma grande diferença no sucesso de um projeto educacional, envolvendo no processo, o uso da tecnologia da informação e comunicações.
As informações apresentadas ao longo deste caso, foram obtidas durante a participação da IDC no Fórum de Liderança em Educação e Tecnologia, realizado em 27 de junho de 2012 na sede da Cisco Systems, localizada na cidade de São Paulo, e incluiu participantes de outras cidades, como Brasília, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Santiago do Chile, Bogotá, Lima e Montevidéu, entre outras.
Segundo o estudo Vertical Market Spending realizado na América Latina e publicado pela IDC em janeiro de 2012 e que mede a participação de cada um dos setores na América Latina, o segmento de educação representou apenas 1,86% do total de gastos com TI na região, em 2011. No Brasil, a situação é ainda mais desafiadora: Educação representou apenas 1,27% do total de gastos com TI no mesmo ano.
Olhando para as perspectivas futuras, o estágio não é muito animador: usando o estudo acima citado como fonte de informação, a IDC espera que o segmento de Educação cresça nos próximos anos, porém, o ritmo de crescimento será menor que o do mercado em geral. O impacto desta tendência é claro: o segmento de educação tende a perder participação no mercado total. Em 2015, a IDC espera que a participação do segmento de Educação no Brasil, acabe caindo para 1,14%.
Os dados analisados e as tendências mostram que, apesar dos esforços dos setores público e privado, existem desafios importantes na adoção e no uso contínuo e sustentável de Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC) como uma ferramenta diária em segmento de educação. É importante notar que os desafios não são apenas tecnológicos, e em muitos casos, estes podem representar uma fração dos problemas que impedem o desenvolvimento e a evolução de ferramentas educacionais no país.
As duas perguntas que surgem imediatamente são:
Como mencionado acima, o uso das TIC na educação, sem dúvida, foi um desafio muito mais presente na "oferta" de conteúdo (instituições de ensino), do que na "demanda" (estudantes). Por isso, é interessante mostrar casos em que o uso de tecnologias é relevante para os professores, e ainda mais na própria formação desses professores.
A seguir, apresentaremos um caso específico, no Brasil, que mostra os desafios, a solução e os benefícios decorrentes da implantação de uma estratégia de ensino com forte foco na utilização de tecnologia.
A Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores do Estado de São Paulo "Paulo Renato Costa Souza" (EFAP) tem como objetivo o desenvolvimento profissional de professores e trabalhadores da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, com um forte foco na prática pedagógica aplicada na sala de aula. A EFAP foi criada pelo Decreto n º 54.297 do Governo do Estado de São Paulo e é responsável pela gestão do "Curso de Formação Específica do Concurso Público para Professores de Educação Básica II" (Para mais informações, visite o site).
Durante o Fórum de Líderes em Educação, a EFAP apresentou um caso de cursos à distância para a formação contínua, como o "Curso de Formação Específica do Concurso Público para Professores de Educação Básica II".
Estes cursos são obrigatórios para todos os candidatos à carreira de professor, e somam pontos na carreira dos professores que já fazem parte da rede educacional do estado de São Paulo.
Do ponto de vista da estrutura e da organização, os cursos combinam aulas presenciais, à distância e também um portal interativo (o portal encontra-se em desenvolvimento no momento da publicação deste documento).
Os cursos são essencialmente à distância, com três encontros presenciais de quatro horas cada. Isso permite começar a ter uma ideia dos desafios tecnológicos e não tecnológicos que representam essa modalidade.
No Fórum, foram apresentados: a estrutura, os desafios, a solução e os resultados obtidos com o uso desta estrutura de cursos e ferramentas tecnológicas para o mesmo.
Uma vez conhecida a estrutura dos cursos e o modo (à distância), é importante saber a escala do projeto, a fim de ter uma dimensão dos desafios. Neste sentido, o curso tem cobertura a todo estado de São Paulo, e atinge cerca de 270 mil funcionários, dos quais 230 mil são professores, localizados em 5.300 escolas e que são responsáveis pela educação de 4,5 milhões de estudantes. É claro que o projeto é ambicioso em termos de âmbito e dimensão, o que dá uma ideia dos desafios para gerenciá-lo.
Tendo em conta a dimensão do projeto, é importante descrever os desafios tecnológicos e não tecnológicos, ao programar os cursos da entidade. A IDC não pretende mostrar todos os desafios, mas alguns que considera como os mais importantes. Eles são:
Embora a infraestrutura tecnológica tenha sido um aspecto fundamental para viabilizar a interconexão, a atualização e a distribuição de conteúdo em todo o estado; houve outros aspectos que foram abordados para que os cursos obtivessem sucesso, e que não têm necessariamente a ver com a tecnologia em si. Alguns exemplos:
Os resultados da implementação dos cursos a distancia, através do pensamento estratégico e a concepção desses cursos como a implementação de um projeto são contundentes. O livro "Quantidade e Qualidade" publicado em 2011 mostra os resultados de uma pesquisa realizada após a implementação dos cursos. Do total de 9.526 candidatos que concluíram o curso, 7.783 (82%) responderam à pesquisa.
Destacam-se alguns dos resultados:
Se analisadas em conjunto, a solução que foi implementada, com os resultados descritos acima, é possível enumerar claramente cinco benefícios:
Durante o fórum, logo após a apresentação do caso, gerou-se um debate muito interessante entre os participantes, que destacou brevemente os seguintes pontos:
A IDC observa que existe um acordo comum e geral sobre alguns desafios e possíveis soluções, quando se trata de abordar um projeto educacional. Certamente, há outras instituições de ensino que estão avaliando o uso de tecnologias que permitem adaptar a experiência educacional de seus professores e alunos, mas se encontram mais desafios do que benefícios ao longo do caminho.
O caso apresentado mostra especificamente, como todos os objetivos estão em um senso comum, colocando a tecnologia como um meio para atender este fim, se escolhidos os parceiros certos, é possível fazê-lo, independentemente da escala ou de escopo do projeto. Sem dúvida, a ocorrência frequente de casos como este, colocará o segmento educativo como um consumidor chave de tecnologia, e definitivamente mais adequado à realidade de seus alunos.
Esta publicação foi produzida pelos serviços IDC Go-to-Market da América Latina. Os resultados da opinião, análise e investigação apresentados neste documento foram obtidos de pesquisas e análise independentes conduzidos e publicados anteriormente pela IDC, a não ser patrocinado por um provedor especificado em particular. Os serviços IDC Go-to-Market da América Latina oferecem o conteúdo do IDC em uma variedade de formatos para distribuição por diversas empresas. Ter a licença para distribuir o conteúdo da IDC não implica a adesão do licenciado ou sua opinião.